Jacques Rivette é, talvez, o cineasta mais secreto da Nouvelle Vague. No entanto foi um dos seus mais geniais pensadores e cineastas. Como crítico, ajudou a construir a política dos autores, escrevendo duas das maiores cartas de amor cinéfilo e crítico a cineastas, a "Carta sobre Rossellini" e "O Génio de Howard Hawks".
Como cineasta, explorou a relação do Cinema com o tempo, propondo que, para hoje contar uma história, seriam precisos muito mais minutos e película. Ele ilustra esta proposta a cada novo filme, quase qualquer filme seu ultrapassa as duas horas. "Out 1", filme de 1971, dava para preencher um "Cinco Noites, Cinco Filmes", inteiro.
Outra característica cativante do cinema de Jacques Rivette é a sua relação com os actores e com as suas personagens, que herdou do seu cineasta favorito, Howard Hawks. De "Céline et Julie vont en Bateau" a Ne Touchez pas la Hache", os filmes de Rivette transmitem todo o amor que o realizador tem pelos seus personagens e pelos seus actores, a um nível de cumplicidade máximo e de um compromisso enorme ao trabalho, ao filme e à sua rodagem. Ver um filme de Rivette é ver, também, a sua rodagem e foi ele que disse isto, não fui eu...
João Palhares
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