Voltamos! John Flynn é um desconhecido em Portugal; aliás, até no seu país de origem o é um bocado. Morreu em 2007 e foi recentemente lembrado e reavaliado pela revista FOCO. Entre as suas obras contam-se Rolling Thunder, tão bom como qualquer Peckinpah, que é residente e repetente na RTP2 há anos e anos (quantas vezes se exibiu o Wild Bunch no canal?), e Best Seller, uma pérola perdida no tempo, provavelmente a sua obra-prima.
Artesão que vivia para os seus actores e para as suas personagens, Flynn realizou o único filme com o Steven Seagal que é suportável (Out for Justice) e um dos melhores "veículos" de Stallone, Lock Up. Escondia-se humildemente atrás das câmaras como ninguém faz hoje, e olhar para um filme de Flynn é olhar também para o trabalho de actores, de directores de fotografia, de técnicos variados, é olhar para uma equipa que ganha vida e significado pelo amor que Flynn tinha à arte de filmar. Mise en scène é uma expressão já gasta, mas é precisamente isso.
Na ressaca das teorias do autor, Rivette e Godard sentiam-se defraudados e incompreendidos. Rivette disse até que queria passar a trabalhar a um nível de "apagamento do autor". Flynn é, parece-me, o epítome de tal expressão.
Trailer de Best Seller (1987)
O único filme que vi de Flynn foi "The Outfit", um revenge movie com Robert Duvall. Muito divertido mesmo -- foi por ter lido Tarantino a elogiá-lo que decidi gravar este filme no TCM, há uns tempos.
ResponderEliminarDe facto, era arrojado passá-lo, com, por exemplo, Walter Hill (outro realizador procedente do universo Peckinpah)...
Ainda não vi o "The Outfit", mas o "Rolling Thunder" é um dos filmes preferidos do Tarantino. E a interpretação do James Woods no Best Seller é a melhor dele, acho que só a do Videodrome é que chega perto.
ResponderEliminarMesmo sem ter visto o The Outfit, como já disse, não me parece que o Flynn seja descendente do Peckinpah, mas mais do Siegel, do Sturges e do Thompson - a legião dos duros dos anos 50 e 60 em Hollywood (eheh). E era arrojado passá-lo, sim. Gostava de ver Walter Hill na dois, também, claro.
O mais triste é que mesmo de Peckinpah se passa o mais óbvio, quando a verdade é que Cross of Iron e Bring Me the Head of Alfredo Garcia são filmes igualmente fabulosos. O Cross of Iron é um filme extraordinário!
E no ciclo western passam-se os filmes do costume do Peckinpah! O Eastwood outra vez e o Kasdan, que também já lá passou, sem falar do Johnny Guitar. Estas repetições, a do Johnny Guitar e do Wild Bunch só se justificavam se a programação fosse de facto regular e, falando de westerns, fosse compensada com a presença de outros realizadores. Onde estão Fuller, Tourneur, Corbucci, Boetticher, Hellman, Walsh, Sollima, Wellman, Lang, De Toth, Dwan? Enfim..