Não estou com isto a dizer que a obra de Pedro Costa não tenha uma força única, que dispensa qualquer legendagem contextualizadora; estou apenas a dizer que se aprecia a sua obra de outra forma tendo presente a genealogia escondida do seu cinema, que nos remete ao cinema do mestre japonês e de tantos outros grandes cineastas (a crítica fala ainda de Chaplin, Rossellini, Ford, Rouch, entre outros nomes fortes da história do cinema). Seria interessante mostrar ao povo português o trabalho que o seu maior cineasta anda a fazer no coração do Cinema, essa pátria que é de todos e que devia ser para todos.
sábado, 25 de setembro de 2010
O que a RTP2 podia mostrar: Ozu e Costa
Como perceber que Pedro Costa seja um fenómeno por todo o mundo, em especial, na Ásia, mais concretamente, no Japão; ainda mais concretamente, junto de cineastas como Nobuhiro Suwa ("M/other"), que, na sua passagem por Portugal, sublinhou que Costa - isto antes da sua exposição na Tate Modern ou da edição de alguns dos seus filmes pela Criterion Collection - era "matéria obrigatória" em qualquer faculdade de cinema quer no Japão, quer noutras partes do mundo - como no Canadá -; como perceber que Pedro Costa seja recebido no Japão como um herói em ano dedicado à celebração do cinema do mestre nipónico Yasujiro Ozu; como perceber isto tudo sem se fazer o contraponto entre a "Trilogia das Fontaínhas" (da Vanda) e a "Trilogia de Noriko" que Ozu realizou entre 1949 e 1953? Por um lado, "Banshun"/"Late Spring", "Tokyo Monogatari"/"Tokyo Story" (1953) e "Bakushû"/"Early Summer" (1951); por outro, "Ossos" (1997), "No Quarto da Vanda" (2000) e "Juventude em Marcha" (2006). Monumentos ao Cinema, monumentos à altura do Homem. O plano do vaso em "Late Spring" de Yasujiro Ozu, exemplo possível do chamado "pillow shot" (plano almofada), que pode ser definido, nas palavras Mark Cousins (Biografia do Filme), como todas as imagens de filmes de Ozu, "que nada têm a ver com a acção e funcionam como pausas para o espectador reflectir"
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