Realizador e Professor de Cinema com currículo impressionante, Eduardo Condorcet foi um dos nossos mais ilustres subscritores a aceitar o desafio de responder às nossas perguntas. Agradecemos a atenção.
Como avalia a actual programação de cinema da RTP2? Que aspectos gostaria de ver mudados?
Numa altura de crise é difícil compreender que a RTP2 não cumpra a sua função de serviço público, nomeadamente no que toca à produção audiovisual. Naturalmente que poderíamos falar da questão da promoção do cinema, audiovisual (de natureza cultural) e até vídeo-art e cross media, a este nível há que mencionar os exemplos das televisões estatais finlandesa e japonesa que são motores da re-criação do média TV. Em nenhum destes casos a questão das audiências parece ser relevante, até porque ela existe e corresponde. Em todo o caso, a 2 nunca poderá competir com as concorrentes, porquê tentar?
Assim sendo, há definitivamente mais vida para além do deficit e justamente a falta de recursos deveria ser uma motivação para que a televisão de “todos nós” fosse de facto mais entregue à sociedade civil. Penso que o espaço dedicado à produção universitária et al. é positivo, mas não há razão para que o dinheiro gasto com séries estrangeiras não seja investido em produção (de baixo orçamento ou co-financiadas) de origem nacional. Até os liberais Estados Unidos da América, têm a sua PBS. Ademais está provado por programas de produção privada que sinergias podem ser criadas com autarquias, governos civis, etc. de forma a possibilitar não só emprego numa área de grande oferta e procura, mas também de conteúdos audiovisuais de relevância indiscutível não só para a memória histórica do país como para a sua dinâmica de (in)formação.
Apelamos a todos os demais assinantes que nos enviem as suas respostas, às mesmas questões, para o nosso endereço peticaortp2@hotmail.com .